domingo, 18 de novembro de 2012

Devaneio



Devaneio

E o frio aviva sereno e sopra á margem da praia as lembran
ças, e o frio aflora um sentimento azul e azul se torna o céu e o mar,  e sopra o vento um singelo sentido. Nostalgia rara e estranha que entranha a tonalidade das sensações. Na praia, com o vento sul a rugir seus segredos de gelo e fogo onde antigos reinos dormem esquecidos sub o mar, castigados pela efemeridade das formações geográficas. Reinos de culturas distantes das difusões possíveis, em inverossímeis estruturas se ergueram mundos de conceitos incompreensíveis, para se tornarem, sob fortuna certa, perecíveis tesouros corroídos pelos sais dentre as constrições tectônicas.
Nas escuras imensidões o irônico palco circular a girar enlouquecido pactuou com o esquecimento de seus atores, este planeta insignificante produziu entorno de si, o maior delírio possível: Num trovejo de lucidez efemeridades orgânicas convulsionam conflitos internos, tentando fugir da fugacidade de suas naturezas. Num lampejo, na rapidez de um arroubamento titânico nesse universo: uma espécie, um composto complexo, tentando existir na incandescência do cosmo, desenvolve em si uma consciência! Eis um filhote de oitenta mil anos, naufragado num mar insano sentindo medo do tempo!
E o frio aviva, gelando meus ossos, o sentimento azul de um devaneio em frente ao mar.